O “cerco de Jericó” esmeraldino.

Está chegando o dia em que cairá o muro que separa o Goiás Esporte Clube e sua sofrida torcida Esmeraldina. A última partida que o clube jogará com “portões fechados”, será contra o Paraná, dia 06/09/2017, no Serra Dourada (19h30). Ironicamente, véspera do feriado da “Independência”. Não duvido que o bom torcedor esteja clamando a DEUS pela salvação de nosso clube.

Faço essa relação com a famosa passagem bíblica, pois sou religioso e vejo sempre semelhanças entre o passado e o presente dos povos, independente do tempo e do lugar. O evento aconteceu como uma de várias das batalhas travadas pelo povo Hebreu em busca da terra prometida. Poucas nações tiveram sua história de sofrimento contadas como a de Israel, e é esse sofrimento que marca a história da Nação Esmeraldina, que embora já viveu bons momentos (nunca existiu glória propriamente dita, na minha visão), não sentiu o gosto de participar e desfrutar do clube de coração. Sempre existiram barreiras nessa relação clube-torcida e a figura do muro é a que melhor retrata esse distanciamento.

Jérico era um reino próspero e vizinho de Jerusalém. E como todo reino, não podia ser diferente o grande abismo existente entre a realeza e seus nobres para com o povo (plebeus). O Goiás não fica longe dessa característica, uma vez que sempre foi considerado como um “clube da elite”, embora todos os clubes, principalmente os da Capital, tenha “ricos” empresários e políticos em seus comandos, os quais fazem o que querem com as equipes e sempre alternam seus “apadrinhados” na administração dessas agremiações. Está longe de ser ver a desejada profissionalização do futebol goiano.

O incidente ocorrido no dia 26/08/2017, quando torcedores entraram no Centro de Treinamentos e fizeram uma verdadeira “quebradeira” no local, além de terem agredido o único jogador presente ali, revela várias faces de uma relação em crise (torcida – clube), mais, acima de tudo, mostra o desejo da maioria absoluta, não pela força e uso da violência, de promover uma revolução no Goiás. Claro que, juridicamente, isso é inviável, ante a ausência de legitimidade do torcedor comum, que não é sócio e nem tem direito a voto. Mas fica claro o desejo de alcançar o “Goiás Prometido” a nós por vários dirigentes que já passaram por ali. Nos prometeram títulos, brigar lá em cima, na elite, protagonismo. Não quero aqui fazer aqui um juízo de valor ou relativizar a gravidade do episódio envolvendo a torcida, mas não posso deixar de alertar para o nível que as coisas chegaram. E quando se fala em baixo nível, não se pode esperar ações razoáveis ou diálogos marotos.

O Goiás já teve momentos importantes no futebol brasileiro e sul americano, protagonizando em decisões e com grandes campanhas, em que pese não ter sido consagrado com um título de ponta. Ganhou respeito e admiração, além de ser marcado como um clube de tradição e formador.

De repente tudo ruiu. Principalmente o respeito. E quem perde o respeito, perde a dignidade! E esse não é e nem pode ser o “Goiás Prometido” a sua torcida, a sua Nação Esmeraldina! Muros só servem para segregar e afastar os menos favorecidos e não há muro na história da Humanidade que tenha sobrevivido ao longo do tempo.

Sem alternativas democráticas, coube a um grupo de torcedores, exteriorizar sua revolta com o uso da força. Vão ser responsabilizados por isso. Mas não penso que eles estão mais preocupados em serem processados, do que ver o Goiás ser rebaixado para a Série C ou se eternizar na Série B, como um verdadeiro “clube de segunda” categoria.

Um clube que sempre ostentou organização, patrimônio próprio, regularidade fiscal, dentre outros aspectos positivos, não pode simplesmente “ser rebaixado” e achar que isso passará em branco. Cada ser tem um tipo de reação. Uns deixam de ir ao estádio, outros de ver TV. mas existem os que perdem o sono com a má fase, pois sempre viveram o Goiás. Sua motivação de vida também é o Goiás!

Por isso, já está escrito nas páginas da história que os muros cairão a partir da próxima rodada e que os torcedores irão em busca do “Goiás Prometido”, custe o que custar.

ETERNAMENTE SEREI GOIÁS!