Por que Hélio pode – e deve – continuar no Goiás

Goiás
Foto: Rosiron Rodrigues

Antes de me chamar de doido, maluco, ou afins, procure ler a opinião como um todo. Entraremos no período mais delicado da história do clube ano que vem. E nada melhor do que analisar sensatamente a visão deste humilde colunista, para depois tirar suas próprias conclusões. De início, posso adiantar a vocês, caros leitores, que Hélio dos Anjos deve ficar sim no Goiás, mas tem seu porém. E é assim que nosso texto será embasado hoje.

Primeiramente me desculpem. Prometi falar sobre renovações e contratações. Mas, deixarei isto para outro momento, afinal ainda não estamos garantidos na Série B, e ainda preparo uma lista detalhada com o tempo de contrato de cada atleta. Então, para vir bem informado e não passar informação errada, espero ajudar de outra forma: avaliar a comissão técnica que irá permanecer em 2018.

No ano que vem, teremos o momento mais dramático na história do Goiás. Metade da cota televisiva (cerca de R$ 22 milhões), e clubes como Atlético Goianiense, Avaí, Ponte Preta, Sport, e até mesmo Vitória e/ou Coritiba, disputando a última segunda divisão de grandes valores. Isto porque em 2019 teremos uma grande transformação no futebol brasileiro, onde cotas jamais vistas serão pagas somente, e tão somente, a times de Série A, deixando a cota geral para todos aqueles que disputarem a divisão de acesso. A sorte do Goiás? Se precisar de mais dinheiro ano que vem ainda tem como fontes de recursos uma venda de Carlos Eduardo (tema do próximo texto) e uma aplicação de mais de R$ 30 milhões, que seria, em tese, usada na nova Arena.

Mas, como ninguém pensa em Arena neste momento do clube, o certo é saber em como investir no futebol, e este investimento começa na comissão responsável pelo ano da obrigatoriedade do acesso. E neste ponto devemos ter a certeza: Hélio dos Anjos acaba por ser a escolha certa. Os motivos são lógicos, principalmente no que tange aos riscos de tentar novo planejamento.

Primeiro, precisamos afirmar que de longe Hélio é o treinador com maior vivência de Goiás, aquele que mais se identifica com o clube. Segundo, que o mesmo tem um poder de trabalhar o psicológico como nenhum outro treinador teve nestes últimos anos. Prova disso foi a motivação dada a este pífio elenco para praticamente descartar a possibilidade de queda. Terceiro, Hélio preparou um grande aliado em seu favor: seu filho Guilherme dos Anjos. O atual auxiliar do clube vive futebol e o estudou profundamente. Mesmo com apenas 28 anos, tem conhecimento nas áreas de fisiologia, preparação física, e o principal: taticamente aprendeu bastante, sendo ele o engenheiro da formação esmeraldina. Além disso, fala muitas línguas, e como o pai consegue conduzir muito bem na oratória.

Com um super auxiliar, que diga-se de passagem tem um conhecimento tático aprofundado, Hélio apesar de ser da velha guarda conseguiu inovar, e com isso tem ganhado elogios de estudiosos como por exemplo o melhor analista de desempenho do Goiás, Rodolpho Chinem. O torcedor -analista (clique aqui para ver) analisou a formação tática do verde, demonstrando ser a mesma de alta capacidade de competição. Inclusive ressalte-se que tal análise foi compartilhada e elogiada tanto pelo treinador como seu filho. Tal proposta de jogo, inovadora e que demonstra poder de disputa, é o principal trunfo da equipe para a permanência neste ano, e a esperança para o ano que vem.

Em contrapartida, temos aquilo que no último texto fiz questão de destacar: um elenco fraco, sem identidade – apesar das tentativas de Hélio em mostrar o que é o Goiás – e que não compreende bem o que é repassado. Portanto, com a equipe do nosso treinador já observando o – pouco – que se pode extrair do atual, é fundamental que este trabalho seja continuado, indicando as peças corretas ao modo da filosofia de jogo adotada e que deve ser usada na temporada que definirá se o Goiás será grande, ou apenas um time pequeno no cenário nacional.

A avaliação do atual elenco é fundamental e decisiva para um ano de sucessos daquele que é o cidadão que mais se identifica com o clube. Ou, sinceramente, alguém pensa que trazer um  novo treinador será a salvação? Isso seria planejar em cima da hora o principal momento da história do clube. A título de comparação, basta ver Enderson Moreira. Ele caiu com o América Mineiro ano passado, mas já sabendo que isso iria ocorrer. Planejando da forma correta, analisando elenco e como trabalharia, seguramente posso afirmar que o título é da equipe dele esse ano.

Então temos a identidade com o clube, o histórico de acesso, a motivação como fator preponderante, o seu filho como um exímio estudioso, a análise do atual momento, e a segurança de ter uma pessoa que pode mudar pelo conhecimento já adquirido. Existe algum ponto negativo nisso tudo? Sim, é claro. E são dois pontos que pesarão para esta permanência de Hélio. Vejamos:

1 – É a decisão para a história do clube. Se por um acaso der errado com Hélio, a diretoria deve saber que mudar o planejamento durante o ano é o risco iminente de ver o clube concretizando o pior momento da história. Por isso, a decisão deve ser bem tomada, bem fundamentada e principalmente: bem planejada.

2 – Hélio e Guilherme precisam demonstrar resultados nas opções táticas. O esquema demonstrado por Chinem acima já é conhecido dos adversários esmeraldinos, e mesmo com um elenco conclusivamente sem capacidade de melhora, a equipe técnica deve obter resultados convincentes, demonstrando poder de adaptação e de evolução frente a proposta tática do time. Em 2018, com a escolha do elenco como quiserem, isso já deve estar consolidado.

Portanto, todos os riscos até o momento são calculáveis. A decisão de ambos precisa observar critérios como os analisados acima. Mesmo assim, os pontos positivos superam – e muito – os negativos, o que demonstram que Hélio é a melhor opção do momento. É muito difícil analisar o clube desta forma, ainda mais com a consciência de que será o ano decisivo da história. Mas sabe aquela sensação que dará certo? É o que sinto neste momento.

E você, nobre leitor, o que pensa disso?

DE OLHO, ESMERALDINO!

1 – Michael teve chance como titular, segurou demais a bola. Depois, entrou do banco de reservas. Melhorou, mas insistiu em jogadas sem objetividade. O garoto é um excelente jogador, porém precisa se capacita melhor quanto ao jogo de equipe para entrar no futebol profissional de vez.

2 – Matheus Ferraz é de fato a maior negação defensiva do Goiás. Tentei o elogiar, mas confesso que opinei errado. Que nunca mais seja usado este ano.

3 – O ataque esmeraldino continua inoperante. Conforme explicitado acima, não existe evolução, e ao contrário disso, parece o esquema ‘manjado’ dificultar a ofensividade. Sinto falta daquele clássico ‘falso 9’, e de um verdadeiro meia de armação. Pensando nisso e sabendo que Thales fez essa função na base, uma real chance deveria ser dada ao garoto.