Quem é o verdadeiro culpado pela crise sem fim que o Goiás vive?

O Goiás Esporte Clube atravessa uma das maiores crises de sua história. O maior campeão estadual, dono de 28 títulos goianos, amarga um jejum que já dura sete anos. Desde a última conquista, em 2018, o clube coleciona fracassos dentro e fora de campo. A mais recente ferida foi aberta no último domingo (16), com a eliminação para o rival Vila Nova, escancarando a fase decadente de um clube que parece ter perdido sua identidade vencedora.

Mas quem é o verdadeiro culpado por esse momento? A mudança no estatuto? A adoção de um novo modelo de gestão? Ou a falta de comando e de pensamento grande daqueles que há tempos ocupam o poder?

Crise de identidade

Goiás
Foto: Rosiron Rodrigues

O torcedor esmeraldino, acostumado a ver o time dominando o futebol local e sendo presença constante na elite do futebol brasileiro, já não sabe mais o que esperar. O clube se tornou um frequentador assíduo da gangorra entre Série A e Série B. Pior: hoje é um time que coleciona eliminações em clássicos, derrotas para os maiores rivais e uma sensação de apatia que invade o campo e os bastidores.

A última vitória em um clássico foi na final do Goianão 2023, contra o Atlético-GO. E mesmo vencendo aquela partida, o time acabou derrotado nos pênaltis e ficou sem a taça. Contra o Vila Nova, o retrospecto é ainda mais dolorido: são oito jogos sem vencer, com eliminações em sequência que só aumentam a humilhação.

Solução ou problema?

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Foto: Divulgação/GEC

Em 2023, o Goiás passou por uma mudança histórica. O estatuto foi reformulado, e o clube trocou o tradicional presidencialismo por um modelo de gestão empresarial, com um CEO e um Conselho de Administração no comando. Era a promessa de modernidade, profissionalização e eficiência. Mas, na prática, o resultado foi o oposto.

O clube perdeu a figura central de liderança que sempre foi o presidente. Os CEOs contratados até agora, primeiro Luciano Paciello e, depois, Leonardo Pacheco, mostraram-se figuras discretas, distantes da torcida e sem a postura de cobrança que a situação exigia. O Goiás ficou sem comando, sem voz e sem representatividade. E um clube sem liderança está condenado a perder sua identidade.

Mas será que a culpa é da mudança de estatuto? A resposta é não. O problema não foi o novo modelo de gestão, mas sim quem decidiu por essa mudança e, mais ainda, quem aprova e se omite diante dos erros. Todos aqueles que estiveram à frente do Conselho e do clube nos últimos anos têm sua parcela de responsabilidade no fracasso que se instalou.

Falta de ambição

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Foto: Divulgação/GEC

A verdade é que a crise do Goiás não começou com a mudança no estatuto. Ela se arrasta desde 2013, quando o clube fez sua última grande campanha nacional. De lá para cá, foram três rebaixamentos, anos e mais anos na Série B, jejum de títulos e derrotas em clássicos que abalaram a autoestima da torcida.

Talvez o grande culpado por tudo isso seja a falta de um pensamento grande. Sérgio Rassi, Marcelo Almeida, Paulo Rogério Pinheiro: nenhum presidente foi capaz de resgatar o espírito vencedor que um dia fez do Goiás uma potência no futebol brasileiro. O clube encolheu. E continua encolhendo.

Hoje, o Goiás é um time sem comando, sem direção e sem perspectivas. A crise parece interminável. E a pergunta que fica é: quando o clube vai reencontrar o caminho de sua grandeza?

A esperança é verde, como sempre foi. Mas ela precisa ser alimentada por mudanças de verdade, por gente disposta a pensar grande novamente. Caso contrário, o Goiás continuará trilhando o caminho do fracasso. E isso, definitivamente, não faz parte da história do Maior do Centro-Oeste.

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