Isso não é Futebol

Saudações Esmeraldinas!

Hoje vou falar de um assunto chato e delicado porém necessário, Rondinelly Borges de Oliveira, 22 anos, perdeu sua vida, na tarde do ultimo domingo a caminho do Estádio da Serrinha, que infelizmente ao contrario de falar da vitoria sobre o rival do Setor Universitário, chamo a você leitor a uma reflexão, de ante mão peço desculpas pelo texto extenso.

Atualmente, quando se ouve falar em “torcida organizada”, logo pensamos em violência dentro e fora dos estádios.  O que não faltam são estatísticas de violência decorrentes das chamadas organizadas. Talvez a mais emblemática seja a morte do Boliviano Kelvin Espada, que teve sua vida cerceada aos 14 anos, atingido por um sinalizador disparado pela torcida organizada do Corinthians, durante uma partida da Taça Libertadores da América em 2013.

Da violência verbal, essa evoluiu-se para agressão física, e é quase que comum (infelizmente), mortes de torcedores, traduzindo em um dos principais códigos e símbolos sociais de agrupamento de jovens em torno das “torcidas organizadas”. À medida que os números estatísticos e os atos de agressividade aumentam, proporcionalmente, cresce a banalidadede casos como o de Rondinelly.

Segundo o site Organizadas Brasil, no Estado de Goiás existem 10 torcidas organizadas, na Capital e região metropolitana. Duas estão ligadas ao Goiás Esporte Clube; outras duas, ao Atlético Goianiense Esporte Clube; e cinco, ao Vila Nova Esporte Clube e uma da Aparecidense.

Armando Nogueira, no programa “Apito Final”, da TV Bandeirantes, no dia 20 de agosto de 1995, após mais um episódio de violência gratuita em São Paulo, percebeu que “(…) É com um constrangimento inimaginável. Eu estava vendo estas cenas aqui e não é o caso da gente fazer uma pergunta mais profunda, porque a paisagem humana que eu vi em campo era predominantemente de adolescentes, predominantemente de garotos e aí eu pergunto: como nos desculpar de tudo isso? O que o Brasil tem feito pela sua infância? O que o Brasil tem feito pela sua adolescência? (…) eu não tenho a menor dúvida que nós não podemos nos considerar inocentes.”

A violência entre “torcidas organizadas” (acrescenta-se aqui o comportamento de inúmeros grupos de jovens) passou a ser uma preocupação social, uma vez que assumiu característica de acontecimento banal, débil e vazio. Na mesma proporção, passou a ser, também, um incômodo aos interesses em torno do evento esportivo.

Com palestras e reuniões, fica bem evidente que não se encontrará uma solução, já há violência antes, durante e após as partidas e principalmente nos clássicos, o que causa o afastamento de famílias dos estádios por conta de roubos, arrastões e brigas, e fazem dessas partidas somente uma abertura para o espetáculo de violências gratuitas entre as torcidas.

Não cabe atribuir as causas da violência, exclusivamente, às questões de classe social ou fatores estritamente econômicos. Na composição de uma “torcida organizada” participam pessoas que respondem a processos criminais, viciados, estudantes, trabalhadores das mais diversas profissões, pais de família, mulheres, jovens. Existe uma pluralidade de “agentes” que assumem diversos papéis nos “jogos” de relações sociais.

Três aspectos se convergem para tentar justificar e explicar a violência entre “torcidas”: a juventude, cada vez mais esvaziada de consciência social, politica e coletiva; o modelo de sociedade de consumo instaurado no Brasil, que valoriza a individualidade, o banal e o vazio; e o prazer e a excitação gerados pela violência ou pelos confrontos agressivos, aliado a isso a omissão das autoridades e a não punição dos baderneiros, contribui, também, no deslocamento dessa massa jovem para estes movimentos de busca de prazer e de excitação.

Eternamente serei Goiás!