Opinião: O Goiás e suas crises de identidade

Goiás
Foto: Divulgação/GEC

Chegamos ao final do primeiro turno do Campeonato Brasileiro Série B, e nosso não tão bom e nem tão velho Goiás se encontra no chamado “meio de tabela”, ocupando a 9ª colocação, com 25 (vinte e cinco) pontos, que corresponde a 49% (quarenta e nove por cento) de aproveitamento. Traduzindo, em dezoito jogos, temos sete vitórias, quatro empates e seis derrotas. Parece que há um ligeiro equilíbrio, mas nosso aproveitamento é baixo e literalmente insuficiente para assegurar o acesso à Série A.

Quando eu falo de crise de identidade, obviamente, preciso situar o torcedor ou leitor acerca das minhas percepções. Não faz muito tempo em que fomos eliminados na segunda fase do campeonato goiano, competição em que fomos o primeiro colocado na fase anterior, quando se instalou uma grave crise no clube, que não contava com uma considerada eliminação precoce, sobretudo, para um time de pequeno porte, no caso, o Goiânia.

De lá pra cá, tivemos mudanças na administração do clube e na composição do elenco. Em um curto espaço de tempo, os resultados apareceram e o time do Goiás passou a viver uma espécie de “lua de mel” com sua torcida. Era comum ver os jogadores se aproximar da torcida, principalmente, da organizada que fica no famoso tobogã do Estádio Hailé Pinheiro, para comemorar as vitórias.

De repente, tivemos uma queda de rendimento físico, técnico e, por que não dizer, tático no time. O treinador, antes admirado e promissor, passou a ser cobrado pela torcida e pela imprensa, e, mesmo pressionado, não consegue mais dar as respostas que se esperam dele. O time contratou novas peças, mas continua sem performance e sem identidade.

Agora, encerraremos o primeiro turno, fora de casa, apesar de termos um jogo a cumprir (Amazonas), sem a possibilidade de ingressarmos no grupo dos quatro melhores classificados na Série B, já que o líder Santos tem 33 pontos, seguido pelo nosso próximo adversário (Novorizontino), que tem 30, América/MG (30) e Mirassol (29).

Entre nós e o “G-4” temos, ainda, Vila Nova, Sport, Ceará e Operário-PR. Ou seja, não basta só ganhar, como, também, temos que torcer para tropeços de, pelo menos, cinco equipes. Eu não computo, como probabilidade, os pontos do jogo contra o Amazonas, adiado, já que não temos a confiança suficiente para afirmar que, atualmente, o Goiás seja favorito, mesmo jogando em casa.

Finalmente, como muitos pensam que torcedor é “bobo”, e pode até ser que seja, temos, novamente, abertas as especulações acerca da mudança/transferência do futebol esmeraldino para uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O Goiás se prepara para analisar propostas para venda de parte do clube associativo, incluindo boa parte do patrimônio físico e pessoal para uma SAF. Esse tipo de discussão é normal e acho até que estão sendo “transparentes”, mas o momento é inadequado e pode mais atrapalhar do que ajudar o nosso time em formação.

Uma hora teremos que repensar nosso modelo e será inevitável que o clube se modernize. Entretanto, eu espero que as discussões sejam mais maduras e menos passionais. Sinto que há uma grande dificuldades nesse processo de mudança do clube e que muitos temem que a marca Goiás seja prejudicada. Mas, diante dos resultados obtidos nos últimos anos, acredito que prejuízo mesmo será permanecer na inércia. O desânimo, embora não seja geral entre os torcedores, é muito grande. A desconfiança é cada dia mais crescente.

Como conciliar a luta pelo acesso, a montagem de elenco e a mudança na administração/personalidade jurídica do clube? Espero uma resposta em breve. Não acredito em classificação na Copa do Brasil, para final de conversa. Espero que o foco seja o confronto contra o Novorizontino e que o Goiás volte de lá ao menos com um ponto. Seria um balde de água fria, mas, pelo contexto, já é suficiente para um eventual ingresso no G-4, que esteve para acontecer na penúltima rodada. Sem ataques diretos a jogadores e comissão técnica, mas já acredito que precisamos pensar em dispensas.

Por isso, a crise de identidade diz respeito a um time sem esquema tático, que não joga um futebol convincente, bem como de um clube que, ou faz muito barulho, ou age de forma lenta e, por que não dizer, intempestiva. As coisas demoram a acontecer ou não acontecem da forma esperada. Há muita ação, mas há, também, muitas apostas, o que nos leva a desconfiar do planejamento e profissionalismo de quem está à frente da gestão do futebol. Tomara que eu esteja errado!

Enfim, precisamos de atletas comprometidos efetivamente com o clube. Que nosso turno se encerre com vitória ou sem derrota, e que consigam devolver a paz ao clube, pois vai ser difícil segurar a torcida com essa “bolinha” que o Goiás vem jogando e com as justificativas apresentadas pela direção do futebol e nossa comissão técnica.

ETERNAMENTE SEREI GOIÁS.

Leia Mais:

A opinião de um artigo assinado não reflete necessariamente a opinião do site, é o ponto de vista exclusivo do autor que elaborou o artigo.