Elenco versus clube: a receita do fracasso.

É difícil a compreensão acerca de quem tem mais poder ou influência dentro de uma entidade esportiva, notadamente se considerarmos, a exemplo do futebol, que são os atletas que vão lá (em campo) e fazem todo o trabalho, uma numa análise simplória e objetiva de como as coisas acontecem.

Obviamente, é consenso entre nós que quem manda em um clube de futebol é seu presidente e que as escalas de poder vão sendo distribuídas até a comissão técnica, restando aos atletas apenas o dever de executar os projetos traçados, pois seriam meros empregados e recebem – bem mais do que a maioria dos trabalhadores – para fazer um trabalho de qualidade e profissional.

Essa premissa é verdadeira na maioria dos casos, somente se excetuando em esportes coletivos em que se tem atletas do nível de Lebrom James, Lionel Messi e Tom Brady, que são regulares, jogam em alto nível e decidem jogos para seus times. Fora desse contexto, é improvável você encontrar unanimidades nas diversas modalidades esportivas.

Nessa perspectiva, saindo de exemplos de alto nível e “descendo” ao plano que se destina este blog – Goiás Esporte Clube – é impensável falar em liderança, figura exemplar, unanimidade ou jogador de futebol insubstituível. Do mesmo modo, seja pelos resultados, seja pelos desempenhos, jogadores do elenco esmeraldino não tem prestígio ou condição moral de exercer influência dentro do clube, pois nada fizeram de excepcional, senão cumprir com ligeira dificuldade a obrigação de vencer o campeonato estadual. Falo isso, por se tratar do elenco mais caro e do clube mais estruturado em nível estadual.

Ontem tivemos um desfecho negativo na passagem do técnico Sérgio Soares pelo Goiás, que “rescindiu” seu contrato depois de pouco mais de duas semanas de trabalho, quatro jogos, nos quais um empate e uma derrota jogando sob seus domínios, no estádio Serra Dourada. Discutir a qualidade de quem não se conhece ou, pelo menos pelo currículo, é uma tremenda perda de tempo. Por isso, muitos creditam ao insucesso do profissional a falta de empatia com o elenco, a identificação ou cumplicidade dos jogadores com o ex-treinador Sílvio Criciúma (que assume o posto) ou a falta de comando da diretoria do Goiás Esporte Clube, que não impõe respeito aos seus empregados e, por essa razão, é vítima do chamado “fogo amigo” vivenciado cotidianamente na Serrinha.

Essa crise de comportamento interno no Goiás, associada à imagem de “clube sem comando”, tem incomodado a torcida e refletido de forma negativa sobre a imagem da instituição esmeraldina. Não é crível admitir que um profissional de alto nível e consagrado no futebol, seja dentro ou fora de campo, queira trabalhar no Goiás, mesmo diante de “um bom salário”, tendo em vista o histórico de fracassos e as sucessivas dispensas de atletas e treinadores. Enfim, o Goiás está “queimado” no mercado, pois se tornou um clube instável e intransigente em suas negociações. Perdeu suas referências e a tradição de clube formador, recuperador e bom de negócio. Nosso conceito caiu demais no mercado esportivo, inclusive pelo fato de que nem torcida ao estádio o time leva mais, constatação que pode ser comprovada pelas estatísticas de público nas últimas temporadas (https://esmeraldino.com/site/apenas-1-567-torcedores-comparecem-e-a-media-de-publico-do-goias-cai-ainda-mais/).

Nos tornamos “Casa da mãe Joana”, “Terra sem lei” ou uma espécie de “zona livre”. Como muito bem pontuou Rylber Vargas (https://esmeraldino.com/site/cada-vez-menor/), estamos cada vez menores!

Com essa atitude de troca de técnico, o que se espera é uma reação imediata do elenco na competição, tendo em vista que já estamos na metade da temporada e não teremos mais tempo de fazer experiências ou contratações que cheguem para resolver ou decidir os jogos a nosso favor. Essa hora ainda não passou, mas não podemos, em pleno mês de junho (só jogaremos no dia 06/06, terça-feira, contra o Santa Cruz, em Goiânia) sonhar com um time que não temos. Temos de ser realistas e exigir que essa mudança de postura ocorra imediata e naturalmente, já que o “problema” podia ser o técnico Sérgio Soares.

Eu imagino que Sérgio Rassi já deve ter se reunido com o elenco, demonstrado sua insatisfação e perplexidade diante dos últimos resultados, exigindo reação imediata. Faço minhas as palavras do nosso dirigente, outrora proferidas após, pasmem, uma derrota para o Figueirense no Serra Dourada, em 2015:

Foi vergonhoso sob todos os aspectos. Futebol não tem lugar para seriedade, honestidade, correção. Futebol é coisa pra malandro, pra quem vive às custas da infelicidade dos outros. Coisa séria não prevalece no futebol. Fiz tudo por esses atletas, mas o que se viu foi uma partida sem doação, sem vontade de ganhar. Sem a mínima vontade de fazer o resultado.

Pensem numa reflexão que está atual ou que não serviu pra mudar muita coisa no Goiás. Diante disso, embora a postura do torcedor seja algo que também é objeto de crítica (somos tidos como chatos e descomprometidos), somente haverá mudança na arquibancada se o time honrar a camisa do clube e mostrar raça e atitude. São essas qualidades que marcam a torcida e dá ânimo para ir ao estádio. Não queiram presença do público sem uma contrapartida, sem time, sem futebol e sem resultados.

O resultado dessa suposta crise (elenco versus clube), que se não existir de verdade só demonstra a incompetência da gestão esmeraldina, é um time ocupando a 17ª posição na tabela da Série B, abrindo a zona de rebaixamento, local onde estamos desde a primeira rodada da competição.

Desejo boa sorte ao “novo” treinador Sílvio Criciúma e espero que os bons ventos voltem a refrescar o ambiente na Serrinha.

ETERNAMENTE SEREI GOIÁS.