Um ano após paralisação, como se encontra a categoria de base do Goiás em 2021

Há pouco mais de um ano, em 11 de março de 2020, o surto do novo coronavírus foi declarado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois de participarem da Copa São Paulo de Futebol Júnior, os clubes goianos já disputavam as rodadas iniciais de diversas competições de base, como o Campeonato Goiano nas categorias sub-20 e sub-17, além dos torneios nacionais. As categorias sub-15 e sub-13 ainda não haviam iniciado os jogos oficiais, porém já estavam preparadas para iniciar a temporada. Então veio a paralisação do futebol.

Enquanto o futebol profissional retornou pouco mais de três meses depois, o futebol de base não teve a mesma realidade. Com torneios suspensos, cancelados ou adiados, muitos clubes tiveram as suas atividades paralisadas por um grande período, e quando se decidiu pelo retorno nos cenários nacional e estadual apenas as categorias mais avançadas (sub-20 e sub-17) tiveram a oportunidade de participar de eventos oficiais.

Com um calendário apertado, focando no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil da categoria sub-20, o Goiás optou por não disputar os torneios estaduais, que tiveram que ser adaptados no segundo semestre de 2020.

Em situação delicada depois do seu pior início no Brasileirão, o Goiás mudou drasticamente de estratégia na segunda parte da Série A, o que afetou diretamente o progresso do time sub-20. Eliminado na primeira fase do Campeonato Brasileiro, terminou no 14º lugar, com 23 pontos em 19 jogos. Já na Copa do Brasil, chegou até as quartas de final, derrotado pelo Atlético Mineiro depois de passar pelo Flamengo. No Brasileiro sub-17, nova eliminação na primeira fase, com o oitavo lugar no Grupo B, com oito pontos em nove jogos.

O último jogo na Copa do Brasil sub-20, inclusive, marcou a despedida da comissão técnica da categoria, promovida ao time principal com o trio Augusto César, Glauber Ramos e Leandrão. Com a reformulação do elenco profissional, diversos jovens seguiram o mesmo caminho e ganharam espaço na Série A, a exemplo de jogadores como Taylon, Henrique Lordelo, Índio e João Marcos, enquanto outros foram aproveitados no Goianão.

Apesar de não ter evitado o rebaixamento à Série B, a estratégia adotada pelo Goiás seguiu para a temporada 2021. Atualmente, apenas os goleiros Tadeu e Marcelo Rangel, o zagueiro Fábio Sanches e os recém-contratados Ivan e Vinícius Popó não foram formados no clube. Dos 33 jogadores integrados ao elenco principal no momento, 28 foram revelados na Serrinha, com uma média de idade de 22,45 anos.

Osmar Lucindo, diretor da base esmeraldina, explicou em entrevista ao repórter André Rodrigues, da Sagres 730, que “foi um ano muito difícil, porque só voltamos as categorias sub-17 e sub-20 em agosto, então ficamos parados praticamente quatro meses. Procuramos dar atividades para eles nesse período, mas não é a mesma coisa dos trabalhos presenciais. Fizemos a retomada, e o Goiás teve uma participação muito boa no Campeonato Brasileiro sub-20 e sub-17 e na Copa do Brasil também. Tivemos uma participação muito importante, e o fruto está com essa quantidade de atletas que estão jogando no profissional”.

Por outro lado, “a categoria sub-15 foi a mais prejudicada, porque não tivemos nenhuma competição em 2020, nem a nível nacional, nem regional. O sub-15 do ano passado seriam os atletas nascidos em 2005, e pegamos os destaques para o sub-17. Este ano, a primeira categoria que voltamos foi o sub-15, com atletas nascidos em 2006, que é a base do sub-13 campeão goiano em 2019. É uma geração maravilhosa”.

“Subimos 24 atletas, que formaram a base do sub-15 deste ano, que começaram os trabalhos no dia 11 de janeiro. É uma categoria que estamos cuidando com muito carinho, uma categoria de ouro. Tem muito atleta que está no Goiás desde o sub-6, a grande maioria joga no clube há mais de seis anos. Temos uma comissão técnica própria do sub-15 e o treinador é o Rubens Carlos, que foi atleta do Goiás há muitos anos e que já está há muito tempo no clube. Ele era o auxiliar do Richard no sub-17”, completou Osmar.

Com atletas de toda a região Centro-Oeste e muitos do Nordeste também, oriundos de 12 estados, o Goiás precisou fazer adaptações nas suas instalações. “Montamos uma estrutura na Casa do Atleta, onde os atletas estão alojados, em que temos capacidade para 40, e hoje estamos hoje só com 28. Deixamos 12 vagas reservadas justamente por causa do problema do coronavírus. Essa variante veio muito forte e já tivemos alguns casos, mas com todo o controle. Temos hoje aproximadamente 90 atletas treinando nas categorias sub-15, sub-17 e sub-20”.

Com os jovens protagonistas no time principal, Lucindo destacou que “estamos muito felizes e orgulhosos desse trabalho que foi feito nas categorias de base do Goiás. Para se ter ideia, hoje temos aproximadamente 28 atletas formados em casa fazendo parte do elenco profissional, então é muito bom. Abrimos mão de disputar para classificar e às vezes até um título no Brasileiro sub-20 para ajudar o profissional. É importante demais para a formação e para o clube, e mostra a força das categorias de base do Goiás”.

“É motivo de orgulho, porque vemos o tanto que o clube é procurado para ter atletas do Brasil inteiro, inclusive de clubes grandes, justamente por esse atrativo, porque o Goiás põe jogador da base para jogar. Se o Goiás trabalhar e conseguir levar esse projeto na gestão do presidente Paulo Rogério, com certeza colheremos muitos frutos, não só financeiro, como, principalmente, técnico. Se trabalhar forte assim, daqui dois ou três anos o Goiás estará brigando por um título nacional, e com a grande maioria dos atletas formados em casa. Esse é o DNA do Goiás”, ponderou o dirigente esmeraldino.

Em contraste com a abertura aos jovens no profissional, “infelizmente, como a base depende do profissional, o Goiás foi rebaixado e ficou em 21º no ranking nacional, então perdemos o calendário, tanto do Campeonato Brasileiro sub-20 quanto do sub-17. Isso será um problema para nós, porque faz parte do processo de formação e seleção fazer jogos contra as principais equipes do Brasil, e isso foi muito ruim. Mas temos alternativas, faremos jogos-treinos e amistosos contra times profissionais e disputaremos forte o Campeonato Goiano e a Copa Goiás, porque temos uma geração muito boa”.