A série do medo.

Foto: Rosiron Rodrigues/GEC

Antes de qualquer coisa, quero começar este texto indicando a todos que assistam a série “Sunderland”, disponível no Netflix.  Para aqueles, que como eu, amam o futebol, o seriado é emocionante. A minha vontade era, inclusive, que todos os dirigentes do nosso Goiás, assistissem e tirassem o máximo de proveito da experiência desastrosa de gestão. Fiquei tão impactado, que resolvi traçar um paralelo com a realidade no nosso time.

Primeiro, o presidente decidiu que não faria grandes investimentos no time, situação semelhante a que vivemos ainda essa década, na gestão do presidente antecessor. A política de teto salarial baixo permitiu um saneamento financeiro, porém destruiu o departamento de futebol. A matéria-prima do futebol são pessoas, e infelizmente, não por culpa de clube A ou B, não por culpa de intermediário A ou B, os valores praticados no futebol hoje são exagerados e muitas vezes incompatíveis com a qualidade técnica dos jogadores. Mas, se busca qualidade aliada à competitividade, inevitavelmente, se gasta um pouco, ou muito mais.

Outro fator que determinou o fracasso era atribuir a responsabilidade dos resultados ruins ao treinador.  O departamento de futebol incompetente por vezes deixa a situação do treinador “insustentável”.  Ninguém é capaz de realizar um trabalho razoável com um material humano ruim. É necessário peças vencedoras, com técnica apurada, titularidade inquestionável, capaz de gerar identificação e orgulho da torcida. Pelo menos dois ou três jogadores desse quilate em um time, puxam a qualidade dos jogadores medianos pra cima, engajam a torcida, e assim, por consequência, alavancam a campanha.  Para mim, a contratação de Mauricio Barbieri foi acertada. Espero realmente que a diretoria o mantenha  apesar das possíveis intempéries que virão, e acima de qualquer coisa dê bons nomes para que ele consiga desenvolver as suas ideias.

Algo desesperador no seriado era a limitação da direção de futebol. Sempre sofrendo para contratar, e quando contratava esbarra nas limitações técnicas e físicas. Os jogadores que chegavam eram completamente incapazes de mudar qualquer situação adversa, quando não sofriam sequencialmente com as lesões. Isso se dava também pela limitação de autonomia do diretor de futebol, imposta pela regra financeira do presidente. Vejo muitas semelhanças com a situação atual da montagem do elenco. Todas as nossas contratações até o momento são de bons jogadores, que em algum momento mostraram qualidade, mas avesso ao perfil vencedor. No que diz respeito ao ano de 2018, tirando Vaz, Loyola e Marcinho (este reserva na maioria das partidas), que aparentemente fizeram um bom ano, temos uma série de jogadores que foram reservas, como Barcia, Brenner, Renatinho e Yago.  Temos os questionados como Marlone, Caique Sá e Sidão. E as tradicionais apostas do verdão, como Geovane, Kevin e Jr. Brandão.  Entendo que algumas peças ai podem ser válidas, inclusive no time titular, mas precisam ser complementados por jogadores que tenham a titularidade inquestionável.

Infelizmente, o clube protagonista da série foi rebaixado algumas rodadas antes do final do campeonato.  No final da temporada, também foi negociado e as palavras do comprador foram as seguintes: “A reestruturação do clube depende de um grande investimento.” O Goiás é um clube grande principalmente pela responsabilidade financeira dos seus gestores.  O discurso contra “fazer loucura” nos mantém como um clube de “estrutura invejável” e “que paga em dia”. Talvez essa “loucura” seja dispensável, mas sem dúvida nos falta ousadia para ser um clube vencedor além de ser “grande”. Perdoem-me aqueles que estão satisfeitos com os primeiros passos do nosso time em 2019, mas não estar não faz de mim um corneteiro. Talvez o que me falta é simplesmente “aceitar que somos pequenos e nunca brigaremos por nada”, como alguns amigos esmeraldinos tentam me persuadir.

PS: Na minha mais pequena e humilde opinião, faltam pelo menos 6 peças titulares nas seguintes posições: LATERAL DIREITA/ LATERAL ESQUERDA/ PRIMEIRO VOLANTE/ MEIO-CAMPO (10)/ ATACANTE (UM DE LADO E UM CENTRO AVANTE).