DRYWORLD enfrenta problemas Brasil afora

É incontestável que a presença da DRYWORLD no Goiás foi uma surpresa muito positiva. Elogiada pela maioria da torcida e mostrando ser uma empresa parceira do time esmeraldino, foi difícil ver alguém tratar a negociação com a nova marca como ruim. Aliás, desde a apresentação dos uniformes no final de janeiro, a impressão é que a parceria poderia dar muito certo.

Mas, a informação que chega é que não é bem assim… pelo menos para os demais clubes que vestem a marca. A reportagem do jornal Hoje em Dia apurou que o CNPJ da filial brasileira conta com "cerca de 500 pendências financeiras registradas no CNPJ da Dryworld no Brasil, sendo a maior parcela das dívidas de ordem bancária. Foram levantados mais de 400 protestos de outras firmas que oficializaram dívidas com os canadenses em cartório. Todas as pendências foram catalogadas em um curto período, entre março e maio deste ano, durante os primeiros meses de operação no Brasil".

Dry World

Foto: Divulgação / DRYWORLD.

Desta forma, o mesmo jornal apura que times como Fluminense, Atlético Mineiro e Santa Cruz estão tendo problemas com a marca, problemas estes que vão desde fornecimento de uniformes e materiais, até mesmo para a base, como até de pagamento das cotas anuais acordadas. Sobre cada equipe, o Portal Esmeraldino realizou uma busca.

Fluminense:

A informação do Flu vem do Portal Terra. Lá no RJ, o tricolor das laranjeiras rescindiu um contrato de quase 10 anos para fechar com a DRYWORLD. No início, tudo parecia bem. Os valores acordados eram maiores do que os da Adidas, havia premiação para conquistas, dentre outras vantagens. 

O primeiro problema foi com o uniforme. A distância dos logotipos no peito da camisa foi motivo de reclamação, mas logo a fornecedora corrigiu. Mas, a distribuição dos materiais ainda aperta. Há déficit na venda da nova camisa, e as categorias de base ainda usam os uniformes da Adidas. Além disso, casacos, gorros, luvas e calças de moletom não foram fornecidos pela marca.

Em relação ao pagamento anual das cotas, também há atraso. Com uma cota de cerca de R$ 13 milhões anuais, podendo ser a mesma aumentada até R$20mi com obetivos cumpridos, o Flu amarga atrasos de pagamento. Estes fatores fizeram com que o tricolor se preocupasse com o atual parceiro.

Atlético Mineiro:

No Galo, nada mais nada menos do que R$100 milhões foram acordados para o fechamento de contrato por cinco anos. Pelos dirigentes mineiros, havia certa desconfiança em relação a empresa, conhecida somente na América do Norte, pelo alto valor ofertado, e parece que tal desconfiança se transformou em descontentamento. A informação é do Globo Esporte de Minas Gerais.

Os jogadores da base, por exemplo, ainda usam uniformes da Puma, por conta de não recebimento dos uniformes da DRYWORLD. Sobre o fato, Claudio Escobar, CEO da marca, explicou que a empresa e nova, e a prioridade no Galo é para o profissional e para os torcedores:

"Temos que lembrar que temos em nossas mãos uma equipe que tem uma capacidade incrível de torcida. Já colocamos no mercado mais de 360 mil camisas do Atlético-MG. Recebemos dos parceiros uma quantidade de pedidos maior do que outros fornecedores venderam nos anos passados. Temos uma situação de demanda e fornecimento a curto prazo. Temos uma equipe de caráter internacional que precisa de uma atenção especial, e nosso foco é a equipe profissional e o mercado. Todas as empresas têm que fazer algumas decisões em momentos de começo. Estamos arrumando nossa casa para fornecer para toda a base de maneira adequada."

A contrapartida financeira foi boa. Além dos acordos financeiros, a marca ajudou a bancar Robinho, a permanência de Lucas Pratto, e a realização de um contrato vitalício com Luan. Mas, estes momentos financeiros também tem lado ruim. A DRYWORLD para fabricar no Brasil comprou a Rocamp, empresa de têxteis no Paraná, e uma entrevista com o condutor da indústria, Edson Campagnolo, mostrou que a relação pode não estar muito boa. "Eles (Dryworld) vieram para o Brasil com uma proposta, a gente fez uma sociedade com papéis específicos entre as partes, mas não está andando a contento (a relação). Há uma situação que eles vão ter que explicar para o clube e para o mercado," disse.

Sobre este caso, Escobar respondeu: "A Dryworld é uma empresa internacional que está enfrentando uma situação mundial. Estamos em um país onde as coisas têm uma burocracia que cria algumas situações para as empresas. Em quatro meses (no Brasil), já estamos em três equipes (Atlético-MG, Fluminense e Santa Cruz). Colocamos jogadores brasileiros de caráter internacional como prioridade. Acredito que a gente está alcançando as expectativas. Nós não somos blindados das situações do Brasil e mundiais. Estamos aprendendo a contornar tudo isso de maneira rápida, com devido respeito que temos aos nossos clientes e parceiros, como é o Atlético-MG."

Visando diminuir a atenção o caso, o presidente do Galo, Daniel Nepomuceno, afirmou que estes problemas da DRYWORLD sçao normais. "Normal. Futebol é cheio de problema. Nós estamos tentando solucionar os problemas com as franquias ou mesmo nas semanas que atrasam para o clube. Muita fofoca. Até agora a parceria está bem," explicou. Em contrapartida, Lásaro Cunha, diretor jurídico do clube, disse estar resguardado. "Obviamente, o Atlético-MG tem instrumentos contratuais para se proteger e adotou cautelas para isso nos limites do mercado".

Santa Cruz:

Alírio Moraes, presidente do Santa Cruz, afirmou que a DRYWORLD passa por problemas internos. A reportagem foi divulgada no Superesportes Pernambuco. A demora na entrega dos uniformes chegou a preocupar o comando, que à época cedeu entrevista e disse: "Tomamos conhecimento que a empresa vive uma crise interna e inclusive foi suspenso o envio de recursos para o Brasil. O fato é que eles começaram a descumprir os acertos financeiros com os clubes e estão atrasando também a entrega de material. Nesse contexto, aguardamos o desfecho da questão para nos posicionarmos."

Ameaçando inclusive procurar outra empresa, o mandatário do clube pernambucano falou sobre garantias. “Se a Dryworld não oferecer garantias quanto ao pagamento de valores e fornecimento de produtos na pontualidade exigida poderemos procurar outro fornecedor".

Goiás:

E no Goiás? Não é complicado para o torcedor observar o que vem acontecendo. Prometidas para abril, as camisas estão à venda em algumas lojas esportivas somente agora, e atingem o incrível valor de R$229,90. A camisa já é oferecida na Flávio's, na Centauro, bem como em outras lojas do ramo. Além disso, a prometida loja na Serrinha ainda não está pronta. Em contato por telefone com o atendimento do clube, a informação é de que a previsão para que seja aberto o Empório Esmeraldino é somente daqui um mês.

Quanto a base, por aqui também não existe fornecimento de material esportivo. Os jogadores em formação ainda usam o material da Kappa, fato este também já relatado em outras equipes. Quanto a questão financeira, ainda não existe qualquer tipo de comentário acerca deste fator, muito menos um posicionamento oficial do clube frente a esta questão.