Parabéns Goiás, mas atenção não faltará

Não podemos deixar de comemorar mais um ano de vida de nosso amado Goiás Esporte Clube. Há 75 anos nascia o nosso clube, debaixo de um poste de luz no Setor Sul. De lá pra cá, tantos ídolos, tanta história, tantos apaixonados. Se formos passear pela história do clube com tudo aquilo que nos deu alegria, escreveria durante horas.

Mas, ao comemorar aniversário, precisamos sempre relembrar o último ano vivido. O último ano, que é reflexo do fatídico caso de 2013 para cá. De maneira melancólica os torcedores esmeraldinos acompanham uma regressão do clube no departamento do futebol. De 6º colocado do Brasileiro em 2013, ficamos em 14º – na segunda Série B seguida – em 2017.

Nunca na história do clube disputamos mais do que duas segundas divisões seguidas para obter o acesso a primeira. Por mais que a diretoria anterior tenha dado show na administração financeira, a administração do futebol passou por pessoas de capacidade duvidosa, e o reflexo foi dentro de campo. Times sem identidade, sem vontade, sem caractéristica, sem a cara do Goiás, e sem a cara do torcedor.

Um dia, a hora da verdade ia chegar. E chegou. Este é o ano da verdade. 2018 é o último ano onde o Goiás terá cota diferenciada de televisão. Caso não conseguirmos o acesso este ano, ano que vem passaremos vacas magras com uma Série B esquecida pela TV. Serão pouco mais de 7 milhões de reais para o ano todo. Isso não banca mais do que três meses do que a atual estrutura do clube exige. Vamos literalmente à falência. Precisaremos reduzir nossas atividades quase a zero, se reinventar, para que possamos tentar um acesso e novamente ter cotas de TV para bancar as contas.

Infelizmente precisamos das cotas de TV para sobreviver. Mesmo com o bom e atuante marketing do clube da atual gestão, não há fórmula mágica que faça o torcedor verdadeiramente patrocionar o clube, como por exemplo um Palmeiras da vida. São porradas atrás de porradas desde 2013, e essas porradas deixaram marcas que perdurarão na cabeça do torcedor esmeraldino por anos, talvez décadas. Aliás, se não subir este ano, a marca será eterna.

A atual gestão tenta acertar. Mantém base do time, mantém treinador e comissão, e tenta manter uma identidade. Atitude correta, mas que ainda oscila com promessas e atos que por si só geram a desconfiança daquele que deve verdadeiramente comemorar o aniversário do clube – o torcedor.

Não há nenhuma conquista desde o final de 2013 senão o Goianão. Goianão este que quando vencido, ilude até mesmo quem está dentro do clube. Goianão este que mesmo vencido e nos dando o tricampeonato, nos levou a uma queda em 2015, e a metade debaixo da tabela de 2016 e 2017 da Série B.

O torcedor está vacinado.

Com razão o torcedor cobra da diretoria postura de time lutador. Os protestos, mesmo com o time na final do Goianão e avançando na Copa do Brasil, são cobertos de razão. Tal resultado é o mesmo dos últimos anos, e esta mesma ilusão de esperança no acesso o torcedor não deseja reviver.

Para alentar a desconfiança do torcedor esmeraldino, prometido pela diretoria foram reforços pontuais visando a Série B e continuidade da Copa do Brasil após a formação do elenco do Goianão. De reforço mesmo – e com contestação de alguns – até o momento foi o zagueiro Edcarlos. As quatro ou seis contratações a mais prometidas, que tem o cunho tanto de reforçar como também de substituir os lesionados Fábio Sanches e Elyeser, foram atletas destaques do Goianão 2017. O único reforço que seria de peso, Rafael Marques, deu para trás.

Estamos no dia 6 de abril, no dia 11 de abril já temos o jogo de ida da Copa do Brasil, e no dia 14 de abril a nossa estreia na Série B. Temos ainda insegurança no nosso atual time. Será que ‘reforços pontuais’ chegarão para nos bloquear de mais uma vergonha?

Ironicamente 2018 é o ano em que tudo se decide. O destino do Estado de Goiás, o destino do Brasil, e o destino da vida de glória do Goiás Esporte Clube, que ainda tem um último fio de esperança.

Torcedor, personagens como nosso saudoso Fernandão, dos nossos timaços dos anos 70 e 80, do goleiro Harlei nos dias de glória, de Ricardo Goulart e Walter nas campanhas memoráveis de 2012 e 2013 (antes da vergonha). São estes momentos que devemos saudar e comemorar.

Hoje, nestes 75 anos, vivemos nosso pior momento da história. Devemos cobrar com todos os esforços de quem nos prometeu uma volta à glória, mas também devemos apoiar nos, pelo menos, 41 jogos restantes desta temporada. Durante os 90 minutos, devemos ter esperança e apoiar até o último momento. Mas fora de campo, devemos cobrar intensamente e relembrando do passado recente falho.

Torcedor, este é o ano decisivo do nosso clube. Parabenizar o Goiás pelos seus 75 anos é essencial. Hoje é dia de comemorar. Domingo é dia de torcer por mais um título. Dias 11 e 18 de abril, torcer pelo avanço as oitavas da Copa do Brasil, e dia 14 é dia de torcer pela vitória no início da Série B. Torcer é necessário. Torcer é da alma do torcedor. Mas também não podemos esquecer quem somos. É hora de cobrar, de exigir que estes 75 anos de história continuem a valer a pena.