Opinião: O Goiás precisa de limites e metas

Goiás
Foto: Rosiron Rodrigues

Muito se falou em renovação, mudança de estrutura e mentalidade no Goiás, mas eis que a política de austeridade e desenvolvimento sustentável do clube naufragou em sua primeira viagem em águas rasas. Em se tratando de início de trabalho, obviamente que não há como se crucificar os recém-contratados para função de gestão e trabalho de campo, mas como explicar ao torcedor e ao mundo do futebol que temos que piorar para depois melhorar?

Chavão da autoajuda, a frase de que “temos que dar um passo atrás para ganhar impulso” não serve ao Goiás, que já deu vários passos atrás e até agora não deu pinta de que saltará ou alçará algum voo. O Verdão, que de “ão” não tem nada, mostrou nesses últimos dias que teremos uma longa e difícil caminhada pela frente.

Uma vitória apertada contra o Iporá, em casa (18/02). Outra vitória sofrida contra o Goiatuba, fora (25/02). A estreia na Copa Verde, contra o União Rondonópolis/MT (06/03) também foi mais um jogo abaixo da crítica, já que, além da classificação, não se aproveitou nada dessa partida, nem as estreias discretas de alguns jogadores novatos. Por fim, dois empates seguidos contra o Goiânia (02/03 e 10/03), então oitavo colocado na primeira fase do estadual, demonstrando que nossa campanha e invencibilidade, se tem alguma vantagem, só serve como experiência.

Enfim, apesar de algumas boas promessas, e eu já contrataria Paulo Baya em definitivo para ontem, o que se tem é que aumentou o desgaste de alguns jogadores com a torcida e a imprensa. Não há mais como manter no elenco atletas com tamanha rejeição. Isso não é saudável para ninguém e a saída deles não pode e nem deve desestabilizar um clube que, repita-se, não ganha campeonato. Não vou citar nomes aqui, porque não quero aumentar animosidade envolvendo esses atletas, mas já deu. Penso que até aqueles que ainda contam com algum prestígio poderiam sair e buscar novos ares. Ninguém aí ganhou nada e, portanto, não há jogador insubstituível ou inegociável. Pediu para sair, temos que facilitar, principalmente se reduzir custos e nos permitir uma reposição imediata.

Conheço o técnico Zé Ricardo de longa data e dou um conselho direto a ele: Não se apegue ao grupo que está formando no Goiás, pois sua passagem por aqui pode ser curta! Todos sabem de sua trajetória profissional e não há dúvidas quanto a sua capacidade, mas não há como recuperar certas relações, nem tampouco remediar algo que é incurável. Assim como na vida, futebol é química e alguns aí nesse elenco jamais terão isso aqui no Goiás. Não vai dar liga Zé Ricardo. Ou você repensa suas crenças e convicções ou vai naufragar mais uma vez, quando o ideal é obter estabilidade e continuidade em seu trabalho. Aqui e com essa turma, não vejo um futuro ideal.

Após esse vexame no fraquíssimo Campeonato Goiano, é hora de dar uma pausa e remontar a equipe para continuidade da Copa Verde, estreia na Copa do Brasil e início da Série B. Ainda não dá para saber como estamos em nível nacional, mas não estamos como gostaríamos e, de longe, podemos ser considerados como um dos favoritos para o retorno à Série A em 2025. Temos, nessa Segundona, alguns adversários tradicionais e outros menos renomados com mais dinheiro e ousadia do que nós. Isso precisa ser dito, principalmente depois de sermos superado pelo oitavo colocado na primeira fase do estadual.

Na Copa do Brasil, existe a chance de enfrentar Palmeiras, Flamengo, Atlético/MG ou Internacional já nessa próxima fase. Muitos podem dizer que existe a chance de estarmos no pote A da CB e escaparmos dos grandes adversários. Mas estamos dependendo do fracasso alheio e da sorte. Portanto, não temos que sequer comentar, pois haja santo pra ajudar.

Como era esperado, nenhuma novidade no Goiás no dia seguinte à eliminação no estadual. O que teremos pela frente, só Deus sabe. A vida continua normal na Serrinha e há quem defenda o trabalho iniciado neste ano. Vi com preocupação alguns ataques aos membros profissionais da diretoria, da comissão técnica e aos jogadores, já que sou contra qualquer tipo de agressão, seja física, ou seja psicológica. Existem meios legais para crítica e protestos. Mas como dito, o amor virou cilada logo cedo e isso pode dar briga ou muita confusão. Portanto, nosso “projeto de SAF” tem que começar a dar seus resultados, pois nada como uma crise no início do ano para estragar toda uma temporada.

O Goiás precisa de limites e metas. Limite para mostrar que quem não se enquadrar vai sair do clube, além de tempo para atletas alcançarem logo sua forma física e técnica. Não dá para usar o clube como spa ou clínica de repouso. Quem não anda bem da cuca, que vá procurar tratamento médico em outro lugar. Sobre metas, isso é algo que envolve nossa própria grandeza. Ou entramos nas competições para fazer frente aos times com menos história, tradição e investimento, ou é melhor fechar as portas. Não é normal e aceitável o primeiro (primo rico), ser eliminado pelo último (primo pobre). Portanto, como não foram divulgadas as metas, a paciência da torcida já chegou ao seu limite.

ETERNAMENTE SEREI GOIAS!

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