Opinião: Goiás um clube sem confiança

Goiás
Foto: Rosiron Rodrigues

Na última coluna que escrevemos por aqui, falei sobre a necessidade do Goiás mudar seu comportamento em campo e buscar mais a vitória, em detrimento de um time que tenta se defender e aposta todas suas fichas em jogadas de contra-ataque. Eis que nada mudou de lá pra cá. Dois jogos, uma derrota e um empate, e um time que criou poucas oportunidades e não mereceu os três pontos. Não há dúvidas sobre a dificuldade e competitividade da Série A, principalmente quando se enfrenta Palmeiras e Flamengo em sequência, tendo o Botafogo pela frente. A pressão é imensa, mas esse é o preço da vida na elite do futebol nacional.

Obviamente, temos 42 (quarenta e dois) pontos em disputa, até a última rodada do Brasileirão, mas hoje não seria possível arriscar um prognóstico envolvendo o desempenho do Goiás. Não vivemos uma situação desesperadora, mas o campeonato já dá sinais de quais times brigarão pra não cair, com o Goiás figurando entre eles, sobretudo por contar somente com dois pontos acima da zona de rebaixamento. É improvável, mas a chance de entrar na zona da degola é real e pode se consolidar já na próxima rodada, a depender da combinação de resultados (Botafogo x Goiás (26), Flamengo x Bahia (25) e Santos (24) x Vasco (23).

Veja o tamanho do problema. O Goiás não vence há cinco jogos e agora precisa bater o líder Botafogo/RJ, fora de casa. Uma tarefa difícil e ingrata, se considerarmos que nada mudará em termos de elenco e esquema tático até nosso próximo confronto, no dia 02/10 (segunda-feira). No pior dos cenários, o Goiás ainda pode perder uma posição, caso o Vasco/RJ vença o América/MG, fora de casa, na próxima segunda-feira (25/09), eis que os cariocas atingiriam os mesmos 26 pontos do Verdão, mas nos superariam no segundo critério de desempate, que é o saldo de gols.

Nossa sorte é que temos alguns confrontos diretos (Bahia (c), Cuiabá (f) e Vasco (c), Coritiba (f), Santos (c), Cruzeiro (c) e América (c). Se vencer esses adversários, o Goiás escapa do rebaixamento e ainda tem a chance de voltar à Copa Sul-Americana. Caso contrário, terá que conquistar pontos contra adversários que brigam na parte de cima da tabela e continuar sua arriscada e difícil missão.

Nós poderíamos estar discutindo aqui o talento de nossos jogadores, as revelações da temporada ou algum destaque técnico ou tático, mas, entra ano, sai ano, o discurso do momento é sempre o mesmo. Lutar para não cair. Entendo que o grupo não foi formado pela atual comissão técnica, mas o Goiás sempre tem seu planejamento colocado em cheque. Não podemos sequer falar em investimentos, pois existe sempre o discurso em torno das dificuldades em se obter patrocínios importantes. Mas o planejamento, ou a falta dele, mostra que estamos estagnados e perdendo cada vez mais espaço na elite do futebol brasileiro.

O que nos sobra é poder dizer que, pelo menos, temos um estádio próprio. Não revelamos jogadores formados por aqui, não temos mais receita com a vendas de atletas, nossa base oscila tanto quanto o time principal e há muito tempo não pode ser considerada como protagonista no cenário nacional. Ainda que alguns entendam que há algo bom e importante sendo feito, penso que a desvalorização da marca Goiás Esporte Clube é real e progressiva.

Públicos abaixo de 10 mil expectadores são uma realidade que vivemos, principalmente na última década quando tivemos dois rebaixamentos (2015 e 2020), e disputamos a Série B por quatro anos (entre 2016 e 2018 e em 2021). O Goiás tem muito para melhorar e os números permitem isso. Agora, temos que saber se haverá um divisor de águas nas próximas rodadas, com o clube se afastando na zona de rebaixamento ou entrando nela, justamente na parte final do Brasileirão.

Leia Mais:

A opinião de um artigo assinado não reflete necessariamente a opinião do site, é o ponto de vista exclusivo do autor que elaborou o artigo.